Foi com enorme espanto que li a notícia que a requalificação do Jardim da República em Santarém ganha prémio de Arquitectura Paisagista.
Penso que as obras no Jardim da República e noutros que nem comento não merecem a verba que ali foi gasta, destruíram o lago do Coreto e o lago de baixo, colocaram bancos de gosto duvidoso, revestimento de rochas calcária quebradiça e o mais importante não requalificaram o coberto vegetal da forma que era necessário. Segui a obra com atenção sempre na esperança que fizessem algo ao nível dos melhores jardins nacionais, europeus ou mesmo mundiais, mas não. Pensei em algo que justificasse a verba, canteiros com espécies aromáticas para pessoas invisuais, espécies vegetais autóctones e exóticas de elevado porte, um grande lago com vegetação exuberante rodeado de esplanadas como há em Paris, mas não foi isso que aconteceu. É neste momento um espaço solarengo sendo impossível de utilização nos dias quentes de Verão onde as temperaturas atingem facilmente os 40 ºC. Para ajudar retiraram o lago que se tornou um símbolo para as pessoas que nasceram em Santarém sendo ofensiva a atitude tomada.
Ares árvores lodões-bastardos (Celtis australis L.) reflectem a alteração de luminosidade, onde as espécies criptogâmicas epifíticas que são indicadores ambientais estão em clara regressão.
Como aspectos positivos reconheço a abertura do Convento de São Francisco nas imediações, como sendo um marco muito importante.
Devia de existir muito cuidado nos orçamentos para as obras, com bons técnicos a avaliar se de facto determinada intervenção merece o orçamento proposto e se muitas dessas intervenções podiam ou não serem realizadas com a “prata da casa” evitando-se gastos de verbas da Câmara, do governo Português ou da União Europeia (que não é um poço sem fundo). Essas verbas disponíveis podiam ser utilizadas noutras acções, como por exemplo ter as contas em dia. Esse é que seria um grande Prémio.
Espero que as equipas camarárias seguintes coloquem o Coreto como estava (já agora com espécies de aves e peixes no lago) e retirem as placas dos arquitectos que não tem nada de estar naquele local, mas sim no que foi construído de novo.
César Garcia
Investigador – PhD pela Universidade de Lisboa
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