MAIS PS, ACREDITAR NO FUTURO!

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12/21/2006

Apócrifas Proeminências

Chegou pejado de outras tentativas frustradas. Convidado pelo PSD, aceitou uma última diligência para se alcandorar ao poder que lhe faltava: o político. Ofereciam-lhe Santarém, terra que nunca antes se lhe tinha cruzado no caminho. O risco era óbvio, mas ínfimo. Na verdade, uma nova derrota seria facilmente justificada, num concelho que durante trinta anos tinha sido sempre fiel ao PS e onde o PSD tinha esgotado todo o seu filão de candidatos autárquicos. Ao natural desgaste de uma governação do Partido Socialista de 30 anos, juntou então o seu cabalístico protagonismo mediático – onde a comunicação social lhe passa uma misteriosa vassalagem – à estrutura local laranja.
Contra as suas próprias expectativas, ganhou o combate.
O Dr. Moita Flores era finalmente um vencedor no mundo da política. Era Presidente de uma Câmara Municipal. Hellas!
Perplexo com o resultado, logo tirou conclusões precipitadas. Imaginou que, afinal, os autóctones seriam gente de fracos recursos intelectuais, falhos de óbvia inteligência estratégica, débeis nas tão necessárias e custosas elucubrações geniais e, sobretudo, a necessitarem de um urgente banho de civilização e cultura de liberdade.
Quem mais do que o próprio e ilustre guionista, conhecedor como ninguém dos meandros artísticos lisboetas, eivado de convicções profundas sobre as suas inatas capacidades, iluminado pelas luzes como nenhum outro, para por em ordem estes escalabitanos pobres e néscios, vitimas de uns rapazitos do PS, desconhecedores da habilidosa inteligência que o convívio na capital lhe tinha cinzelado?
O PSD vergou-se-lhe, cativo de uma vitória que, com o tempo, percebeu que não era toda sua. Já a CDU, deslumbrada com as migalhas de poder que lhe tem calhado, reflecte uma felicidade que não consegue esconder. O ex-comunista parece conhecê-la como ninguém.
Tudo lhe parecia correr bem.
Toda a sociedade escalabitana lhe parecia domesticada.
Mas há um senão. Uma pedra irritante no seu sapato que o deixa fora de si. O Dr. Moita Flores tem afinal uma preocupação. Ou melhor, tem uma única preocupação: o PS de Santarém.
O Dr. Moita Flores está preocupado com o PS do concelho de Santarém: não o conseguiu domesticar. Ao contrário do que esperava, resultado dos céleres e judiciosos planos que imaginou, o PS não se vergou. Não lhe prestou vassalagem e, sobretudo, não lhe reconhece superioridade. Nenhuma mesmo.
O PS tem vindo, sistematicamente e desde o início do ano, a denunciar as manobras que o Dr. Moita Flores arquitecta, destinadas mais ao seu projecto de poder, que ao serviço das populações, mais à superficialidade, que à essências dos problemas, mais aos holofotes da comunicação social, que ao trabalho estrutural e silencioso. Tudo se traduz, numa incomensurável política “bola de sabão”, que rebenta e nada deixa, que ofusca e nada produz.
Desde o início de 2006 que o PS tem vindo a afirmar que o Dr. Moita Flores queria acabar com as Águas do Ribatejo. E ele assim o fez. Que queria formar uma empresa onde ele fosse o promotor. E ele assim o vai fazer. Mas o Dr. Moita Flores queria mais:
· impaciente, entrou em guerra aberta com o CNEMA, com o intuito final de construir um alibi para alijar a participação da autarquia naquela entidade;
· imperturbável, alegou que os sobreiros impediam a construção de um parque desportivo, mas ajuizou de seguida que as mesmas árvores permitiriam a instalação de indústrias;
· efusivo, deitou à rua milhares de euros numa campanha publicitária censurável, que se traduziu em dois atavios esteticamente lamentáveis – os pórticos da fealdade;
· benfazejo, continua a submergir o concelho com festas e artistas, meio natural onde se move, esperando que da dança se adormeçam os sentidos;
· desenvolto, desenvolveu uma mudança de chefias na autarquia, as quais seriam – naturalmente - indesculpáveis se realizadas pelo PS.

Mas o que o Dr. Moita Flores não sabe é que vai continuar preocupado. Preocupado porque o Partido Socialista vai continuar sereno. Sereno, mas firme. Fitando-o nos olhos, demonstrando que mais do que a espumas dos dias, o que fica é a perenidade do trabalho. Mais do que a linguagem indelicada, o que vinga é a nobreza das ideias. Mais do que o espectáculo mediático, o que sobra é a certeza das convicções.
O PS continuará na senda da sua tradição: firme e intrépido. Discordaremos com frontalidade, debateremos sem desfalecer, mas sempre, sempre com lealdade e em plena liberdade. A tal liberdade com que o Dr. Moita Flores enche a boca, que plasma em cartazes e que apregoa em mediévicas e estridentes campanhas.
A nós, Partido Socialista, basta-nos exercer essa liberdade, basta-nos vivê-la, basta-nos ser actores anónimos de um tempo onde ela já está, felizmente, desde há muito entranhada.
Mas o PS tem tempo. Tem o tempo necessário que lhe dá a certeza das suas convicções. Sim, porque não obstante o ruído, o tempo, esse mesmo tempo, é o grande mestre da vida.

Pimenta Braz

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